quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


RUA DOS CATAVENTOS - TRECHOS


Mário Quintana


"Escrevo diante da janela aberta.


Minha caneta é cor das venezianas:


Verde!... E que leves, lindas filigranas


Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas


Mistura os tons... acerta... desacerta...


Sempre em busca de nova descoberta,


Vai colorindo as horas quotidianas...
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Jogos da luz dançando na folhagem!


Do que eu ia escrever até me esqueço...


Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...


Nos leves dedos que me vão pintando!


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...Dorme, ruazinha... E tudo escuro...


E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?


Dorme o teu sono sossegado e puro,


Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos



... Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro...


Nem guardas para acaso persegui-los...


Na noite alta, como sobre um muro,


As estrelinhas cantam como grilos...



... É a mesma a ruazinha sossegada.


Com as velhas rondas e as canções de outrora...


E os meus lindos pregões da madrugada


Passam cantando ruazinha em fora!"



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